10 curiosidades sobre a Via Láctea

Por: Portal / Canltech
09/06/2021 - 09:16:20

Por: Daniele Cavalcante  
Editado por: Patrícia Gnippe

A Via Láctea é conhecida praticamente "desde sempre", porque é possível ver um de seus braços no céu noturno (em uma noite de céu limpo e livre de poluição luminosa), mas não faz tanto tempo que sabemos se tratar de uma galáxia. Isso porque, até cerca do ano de 1600, os astrônomos usavam apenas seus olhos nus para a observação do céu. Ao criar uma luneta astronômica, Galileu Galilei revolucionou não apenas o conhecimento sobre a "estrada de leite" (significado aproximado do nome Via Láctea), como também sobre todo o universo.

Já se passaram alguns séculos desde a constatação de que estamos em uma gigantesca ilha feita de bilhões de estrelas, e instrumentos modernos descobriram coisas fascinantes sobre ela. E falta muito ainda a ser descoberto, como as propriedades da matéria escura que repousa ao redor da galáxia, ou do buraco negro supermassivo que adormece em seu centro. Ainda assim, há algumas curiosidades sobre a Via Láctea que talvez você não saiba. Eis algumas delas:

1. A Via Láctea está empenada em formato de "S"

Até alguns anos atrás, imaginava-se a Via Láctea como uma galáxia de plano quase perfeitamente achatado, como um disco de vinil. Não é uma imagem incoerente, já que temos algumas galáxias que, observadas a partir do ponto de vista da Terra, são exatamente assim. Um exemplo é a galáxia do Sombrero, que também é espiral e está quase perpendicular ao nosso planeta.

Mas o caso da Via Láctea é diferente. Estudos mostraram que quanto mais longe de seu centro, mais distorcido o disco se torna, o que dá à nossa galáxia um formato de S alongado. Essa conclusão foi possível a partir de novas medições das distâncias de estrelas Cefeidas, supergigantes amarelas pulsantes localizadas nas regiões externas da galáxia.

2. Ela tem quase 2 milhões de anos-luz de diâmetro

O diâmetro do disco espiral luminoso da Via Láctea é de cerca de 120 mil anos-luz. Normalmente, é a essa medida que nos referimos ao mencionar o tamanho da galáxia. Mas os limites dela vão muito além disso: um estudo concluiu que a Via Láctea se estende por 1,9 milhões de anos-luz, mais de 15 vezes maior que o disco espiral.

Mas o que há depois das bordas do disco galáctico? Basicamente, existe outro disco feito de gás e, abrangendo os dois discos, há uma vasta área de matéria escura, cheia de partículas invisíveis cujas propriedades ainda desconhecemos. Cerca de 85% do peso da galáxia é devido à matéria escura.

Esse halo escuro não emite e não reflete luz, então é difícil medir seu diâmetro, mas astrônomos usaram galáxias próximas para localizar essa “borda invisível” da Via Láctea por meio de simulações computacionais. E foi assim que chegaram ao resultado de quase 2 milhões de anos-luz.

3. São mais de 200 bilhões de estrelas, mas vemos poucas

Não há muita certeza de quantas estrelas exatamente existem na Via Láctea, mas estima-se que sejam aproximadamente 200 bilhões delas, podendo chegar a 400 bilhões. As mais comuns são, de longe, as anãs amarelas, enquanto as gigantes vermelhas são bem mais raras.

Embora nosso céu noturno seja rico em constelações que podemos identificar e observar, vemos pouquíssimas estrelas da Via Láctea a olho nu — apenas 0,000003% delas é visível. Claro, podemos ver algumas galáxias, como Andrômeda, em um céu livre de poluição luminosa, e ela também está cheia de estrelas. Entretanto, não podemos ver nenhuma delas individualmente, mas sim a soma de suas luminosidades.

4. Nossa galáxia é parte do Superaglomerado de Laniakea

Se a Via Láctea parece imensuravelmente gigantesca em relação ao nosso pequeno Sistema Solar, saiba que ela é apenas uma entre 100 mil galáxias próximas. Juntas, elas fazem parte de um superaglomerado chamado Laniakea, composto de várias bifurcações e faz fronteira com outro superaglomerado — Perseus-Pisces. Ambos parecem cair em uma teia cósmica ainda mais ampla.

Laniakea se estende ao longo de 520 milhões de anos-luz e, em seu centro, há um ponto gravitacional central denominado Grande Atrator, que atrai grande parte das galáxias do superaglomerado. Isso faz com que o movimento de cada galáxia seja direcionado para esse centro de massa.

5. A Via Láctea tem poeira e gás para formar bilhões de estrelas

Há muito gás na Via Láctea, o suficiente para formar alguns bilhões de novas estrelas. Isso fica evidenciado quando observamos uma grande quantidade de estrelas azuis nas bordas mais externas dos braços espirais. Essas estrelas são jovens e duram pouco tempo, e a presença delas geralmente indica que a galáxia ainda é capaz de produzir novas gerações estelares.

6. Há uma forte atração gravitacional

As estrelas da Via Láctea, assim como em outras galáxias, são atraídas pelo centro galáctico, no qual há um buraco negro supermassivo. Isso não significa que elas cairão neste buraco negro, mas todas permanecem presas na órbita dele, assim como a Terra é presa na órbita ao redor do Sol.

Mas sempre existe uma velocidade de escape para “se desprender” da gravidade de um objeto no universo. No caso da Via Láctea, para que uma estrela deixasse seu lar, seria necessária energia o suficiente para superar a velocidade de 1,5 milhão de km/h. Os objetos viajam ao redor do centro da Via Láctea a pouco mais que a metade dessa velocidade.

7. Existem bolhas misteriosas surgindo da Via Láctea

Em 2010, astrônomos descobriram que a Via Láctea está soprando bolhas enormes de gás extremamente quente e partículas energéticas, que se estendem em duas direções: acima e abaixo do plano galáctico. Elas ficaram conhecidas como “bolhas de Fermi” (porque apareceram nas observações feitas pelo Telescópio Espacial Fermi Gamma-ray da NASA) e saem do centro da galáxia.

As bolhas são alimentadas por um vento que sopra a três milhões de quilômetros por hora. Ainda não se sabe exatamente o que elas são, mas alguns pesquisadores sugerem que elas podem estar relacionadas a um grande e agitado ciclo de morte e formação de estrelas na região ao redor do buraco negro supermassivo Sagitário A*.

8. Nuvens de gás estão fugindo da galáxia

Mais recentemente, astrônomos descobriram que há uma centena de nuvens de gás hidrogênio se afastando do centro da galáxia a mais de 1 milhão de km/h e indo para o espaço intergaláctico. Elas viajam na mesma região e direção das bolhas de Fermi, além de serem sopradas pelo mesmo vento. Por isso, os cientistas esperam que essas nuvens permitam uma análise melhor sobre a forma da região soprada pelo vento e as enormes energias que permitem esses fenômenos bizarros — as bolhas e as mais de 100 nuvens de gás escapando.

Os cientistas cogitam que as nuvens estejam viajando dentro de um cone de material que se expande para cima e para baixo, afastando-se do centro da galáxia. A parte da frente está vindo em nossa direção e a parte de trás está voando no sentido contrário. Mais intrigante ainda é o fato de que não foi encontrada a borda do enxame de nuvens.

9. Estrelas de outras galáxias se mudam para cá

Sabe-se que a Via Láctea já assimilou outras galáxias anãs (e continua fazendo isso), mas o que não esperávamos é que estrelas das galáxias vizinhas pudessem voar para cá, sozinhas. Pesquisadores buscaram por estrelas em hipervelocidade que foram lançadas da Via Láctea após interagir com o buraco negro supermassivo central, mas acabaram encontrando algo ainda mais surpreendente: estrelas que voavam para a nossa cidade cósmica.

A conclusão foi que elas vieram de outra galáxia, provavelmente da Grande Nuvem de Magalhães ou alguma outra mais distante. Lembra que para escapar da Via Láctea é necessária uma velocidade de escape alucinante? Pois é, o mesmo vale para outras galáxias, o que nos leva à sugestão de que essas estrelas interagiram com um grande buraco negro e foram "chutadas" gravitacionalmente, ganhando assim grande aceleração. Ao deixar sua galáxia mãe, a estrela acaba sendo capturada pela Via Láctea.

10. A Via Láctea está cheia de gordura e graxa

No espaço quase vazio entre as estrelas da galáxia, há um monte de graxa. São moléculas orgânicas oleosas, conhecidas como compostos de carbono alifático, produzidas em certos tipos de estrelas. Um estudo recente descobriu que essas substâncias podem representar até metade do carbono interestelar da Via Láctea.

Essa descoberta é algo animador para a astrobiologia, pois o carbono é um bloco de construção essencial dos seres vivos. Isso significa que a presença dessa substância por toda a galáxia pode sugerir que outros sistemas estelares abrigam vida.

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