A violência contra crianças, por vezes, acontece longe dos olhos do mundo. Muitas vezes, a criança não consegue dizer com palavras o que está sofrendo — mas o corpo, o comportamento e os silêncios contam a história. É por isso que reconhecer os sinais é essencial para quebrar o ciclo da violência.
Por que as crianças não falam?
Muitas crianças não têm vocabulário emocional suficiente para explicar o que vivem. Outras sentem vergonha, culpa ou medo de represálias. Algumas foram ameaçadas diretamente por seus agressores. Além disso, há aquelas que nem sequer sabem que o que vivem é violência — pensam que “é normal” ou “merecido”.
Sinais físicos e comportamentais
Nem sempre há marcas visíveis, mas alguns indícios físicos devem chamar a atenção: hematomas frequentes, machucados inexplicáveis, queimaduras, fraturas repetidas ou atrasos no desenvolvimento físico.
Já no comportamento, a criança pode apresentar:
Mudanças bruscas de humor
Isolamento ou retraimento
Medo excessivo de adultos
Pesadelos frequentes
Comportamentos agressivos ou autodestrutivos
Regressão (voltar a fazer xixi na cama, por exemplo)
Dificuldade para se concentrar
Falta de higiene ou cuidados básicos
O que a escola pode perceber
Professores e funcionários da escola estão em posição privilegiada para observar alterações no comportamento e no desempenho. Uma criança que antes era participativa e se torna apática, ou que passa a faltar com frequência, merecem atenção. Também é comum que vítimas de abuso sexual demonstrem erotização precoce ou resistência a determinados toques ou atividades.
A violência emocional: a mais invisível
Muitas vezes ignorada, a violência emocional — feita por humilhações, gritos, ameaças, rejeição, manipulação ou desprezo — pode ser devastadora. Crianças submetidas a esse tipo de agressão tendem a desenvolver baixa autoestima, ansiedade, insegurança crônica e medo de se expressar.
E quando o agressor está dentro de casa?
Crianças que sofrem violência doméstica normalmente têm uma relação ambígua com o agressor: amam e temem ao mesmo tempo. Por isso, podem tentar esconder o que ocorre, justificar os atos do agressor ou até mesmo se culpar. Isso torna o reconhecimento dos sinais ainda mais importante por parte de quem está de fora.
O papel dos adultos atentos
Pais, vizinhos, professores, profissionais da saúde, assistentes sociais: todos podemos ser agentes de proteção. Observar com empatia, perguntar com delicadeza, oferecer espaço seguro para o diálogo e denunciar quando necessário são atitudes fundamentais.
Escutar sem julgar
Se uma criança começa a contar algo estranho, nunca duvide, interrompa ou minimize. Demonstre acolhimento, mantenha a calma e mostre que ela está segura. O simples fato de ser ouvido com respeito já pode ser o primeiro passo de sua libertação.
Agir é responsabilidade de todos
A legislação brasileira (Estatuto da Criança e do Adolescente) estabelece que qualquer suspeita ou confirmação de violência contra criança ou adolescente deve ser comunicada ao Conselho Tutelar, Disque 100 ou outra autoridade competente. O silêncio da sociedade é cúmplice da violência. casamento
Conclusão
Crianças falam de muitas formas. Precisamos aprender a escutá-las com o coração aberto e os olhos atentos. Reconhecer os sinais de violência é um ato de amor, de justiça e de humanidade. Quanto antes nos identificamos, mais chances temos de protegê-las — e de oferecer um futuro digno, leve e seguro.