Por: Gustavo Stivali
especial para o CORREIO
Quando tinha 18 anos, o universitário Pedro Paulo Silveira se viu diante de um problema. O jovem, que era estudante técnico em Informática pelo Instituto Federal da Bahia (IFBA), buscava por aplicativos que trouxessem informações em segurança de redes e que permitissem testar sistemas, mas não encontrava nada adequado. Em meio a essa dificuldade, o jovem decidiu fazer sua própria ferramenta, que, de um lado, traria grande quantidade de informações, e, de outro, permitiria verificar a efetividade dos sistemas de segurança. Assim, nasceu o Manual Hacker, aplicativo que já foi baixado mais de 100 mil vezes por pessoas de 35 países e escolhido como um dos melhores lançamentos de 2014 pela mídia especializada.
O lançamento do Manual Hacker completou dois anos recentemente. Segundo Silveira – que há pouco mais de um mês se mudou de Eunápolis, no sul da Bahia, para Uberlândia, onde ingressou no curso de Ciência da Computação da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) – o aplicativo levou seis dias para ser concluído. “Fiz tudo sozinho. Foi difícil porque eu ainda tinha aula, então tive de me virar. Levava o notebook para a escola, programava nos intervalos das aulas, dormia pouco à noite”, disse.
Após a conclusão do trabalho, Silveira disponibilizou o aplicativo na loja da Google Play, que reúne aplicativos para celulares com sistema Android. Em dois meses, foram 30 mil downloads. Além de tutoriais para testes em segurança de redes, o Manual Hacker permite a interação entre os usuários por meio de um sistema de chat e o acompanhamento de notícias de tecnologia publicadas em portais nacionais.
Para incrementar a funcionalidade da ferramenta, Silveira diz observar as demandas da área de segurança de redes e buscar por apoio. No mês passado, por exemplo, o estudante foi aceito no Fb Start, programa organizado pelo Facebook voltado para startups e que disponibiliza cerca de US$ 60 mil em benefícios como anúncios na rede social, traduções de conteúdo, uso de programas para melhoria de aplicativos, sites, dentre outros. “Em média, tinha 100 downloads diários. Depois desse programa, divulguei o aplicativo e os downloads saltaram para uma média de 300 por dia”, afirmou.
No último mês, o Manual Hacker ultrapassou os 100 mil downloads. Há duas versões do aplicativo disponíveis na loja da Google Play: uma gratuita e outra paga, que custa US$ 1,30 dólar (cerca de R$ 4), e que tem a vantagem de não exibir propagandas, além de ser mais completa. O aplicativo está disponível em português, inglês e espanhol, e, graças ao apoio do Facebook, pode ganhar versões em outras línguas, tais como francês, árabe e hindi. Isto porque, de acordo com Pedro Silveira, 30% do público que têm procurado a ferramenta vêm da Índia e dos países árabes.
Universitário busca parcerias
Por ser usuário de celular com Android, o estudante Pedro Paulo Silveira montou todo o aplicativo Manual Hacker para este sistema operacional. No entanto, usuários de iOS e Windows Phone podem ganhar uma versão do aplicativo em breve. Pelo menos, é o que almeja o idealizador, que estuda um plano de negócios para montar a própria empresa. “Como lancei o aplicativo sozinho, chega um ponto que fica difícil avançar, porque eu tenho que gerenciar downloads, anúncios, programar. Estou montando um plano de negócios e busco apoio para levar o aplicativo para outras plataformas”, afirmou.
Embora ainda sem apoio financeiro, Silveira diz já estar feliz com a repercussão que a ferramenta tem ganhado. No ano passado, por exemplo, o aplicativo foi escolhido como um dos 100 melhores lançamentos pela revista especializada “Info”, da editora Abril. “Não esperava por 1% de tudo que aconteceu.”