Buranhém: Um rio agonizante II

Por: NossaCara.com
06/01/2016 - 09:12:56

Rio que abastece Eunápolis, Porto Seguro e Guaratinga está prestes a desaparecer e como ele o único manancial de água potável acessível

Por: LOURIVAL JACOME
Com informações de URBINO BRITO

EUNÁPOLIS – A exemplo do que ocorre neste momento no município de Guaratinga, outros municípios da microrregião de Eunápolis correm risco de colapso no sistema de abastecimento de água. O motivo, além de fatores climáticos, é a morte lenta do Rio Buranhém, também chamado de Rio do Peixe, único manancial de água potável explorado pela Embasa para abastecer as cidades.

Incursões do NossaCara.com por terra e por via aérea durante os feriados de fim de ano, comprovaram a situação preocupante. Entre os dias 25 (pedalando) e 27 de dezembro último, três expedições, uma delas por terra, composta por ciclistas; outras duas por via aérea, formada pelo fotógrafo Urbino Brito e o Secretário de Saúde Mário Gontijo (27/12/20145, que pilotava uma aeronave, e com João Carlos Xavier (28/12/2012), outro piloto que conhece a região, sobrevoaram o rio desde a nascente principal em Santo Antonio do Jacinto (MG) até a sua foz em Porto Seguro, para constatar in loco o que muitas vozes já fizeram ecoar: o rio agoniza para desaparecer.

As fotografias aéreas não deixam dúvida quanto à situação do rio: nascentes sem proteção, assoreamento progressivo, erosões, ausência de matas ciliares, desvios desautorizados do fluxo, a falta de cuidado da população que em troca da água devolve lixo ao rio, além do desinteresse das autoridades ambientais, formam um quadro de difícil reversão da situação, tendo em vista que o rio nasce em Minas Gerais, sob normas daquele estado e tem a sua foz na Bahia, onde aparentemente não há interesse em cuidar do assunto.

Pequena nascente por onde eu e o colega Cícero passamos pedalando observem que não tem nenhuma proteção.

Com uma extensão de 148 quilômetros, sendo 20 no estado de Minas e 128 quilômetros na Bahia, a bacia hidrográfica do Buranhém tem uma extensão territorial de 377,8 quilômetros quadrados, banhando os municípios de Santo Antônio do Jacinto (MG), Guaratinga, Eunápolis e Porto Seguro (BA).

Em toda a extensão do rio não tem nada de mata pra proteger o rio e as nascentes como pode ver nesta imagem

Em toda a extensão do rio, desde a ponte da BR 101 em Eunápolis(BA) até Jacinto (MG), não existem mais as matas ciliares que protegiam tanto o rio com suas pequenas nascentes e córregos, assim como estão sem proteção os rios afluentes, a exemplo do Córrego do Sul, Córrego do Ouro, Córrego da Platina e Córrego do Itu, citando apenas os maiores. O único que tem alguma proteção e está bem preservado é o Pinheiro que nasce na fazenda de Tio Lucas dentro do Parque Nacional do Alto do Cariri, já em Guaratinga.

Conforme o fotógrafo Urbino Brito, “a situação é tão caótica que eu e Mário Gontijo estávamos seguindo o rio a uns 280 metros de altitude e perdemos o curso do rio duas vezes”, disse o fotógrafo, acrescentando que Gontijo ficou horrorizado com o que viu e como está a situação do nosso rio. Repetindo as próprias palavras de Mário, segundo Urbino, “tem que se fazer algo com urgência porque senão já era”.

Ainda no município de Eunápolis os ciclistas pedalando e documentando o estado em que se encontra o rio vivenciaram uma situação inusitada. Viajando no sentido da fazenda de Vivaldo Rego, ao fazer uma parada na fazenda de Delomino Aguiar para abastecimento, foi alertada pelo caseiro da fazenda que ali estava sem água há muitas semanas e que a água de beber era pouca e barrenta. Mesmo assim foi daquela água que os ciclistas se serviram, sentindo na pele o drama dos ribeirinhos.

A reportagem não conseguiu contato com a Embasa, tampouco com a própria Secretaria de Recursos Hídricos da Bahia. Nas secretarias de meio ambiente de Eunápolis e de Porto Seguro, ante a ausência momentânea dos secretários, certamente em razão do recesso de final de ano, os demais técnicos do setor não quiseram falar do assunto. Em Guaratinga, onde a situação de abastecimento já está caótica, servidores municipais apostam nas chuvas de verão para contornar a situação de falta de água nas torneiras.

Povoado de Buranhém, disitrito de Guaratinga vejam a situação em que o rio se encontra

Uma das poucas iniciativas para salvar o rio vem de lojas maçônicas de Eunápolis, que estão se movimentando inicialmente com a criação de um grupo no WhatsApp, “S.O.S Rio Buranhém” e tudo indica que nos próximos dias teremos uma reunião com os atores envolvidos na questão, onde poderá ser decidido quais as ações a serem realizadas para salvar o Buranhém.

Santo Antônio do Jacinto - MG é onde o Rio Buranhém nasce.

 

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