Cultura Pataxó

Por: NossaCara.com
06/01/2010 - 08:32:15

Matéria e vídeo veiculada no Globo Rural do dia 03/01/2009

Na chegada do ano 2000, o Globo Rural dirigiu seu olhar para os 500 anos do descobrimento do Brasil e para os primeiros habitantes de nossa terra. O assunto foi a recuperação da cultura dos índios pataxós. Para eles, o contato com o homem branco provocou a perda da terra, dos costumes e até da própria língua.

Em 500 anos de contato com o homem branco, os pataxós perderam muito, a começar pela terra. Quando os portugueses desembarcaram em Porto Seguro, em 1500, encontraram os índios tupis. Mas em toda a região, desde o norte do Espírito Santo até a altura de Ilhéus, na Bahia, viviam também os ancestrais dos Pataxós. Hoje, os Tupis estão extintos. Os pataxós ainda lutam por seu espaço.

Depois de cinco séculos, é possível se notar gente que nem tem mais feições típicas de índio. Há muita mistura de sangue, com negro e com branco. Dispveicersos, com pouca defesa no contato com o mundo, as tradições pataxós foram desaparecendo.

Só há dois anos, isso começou a mudar, com a criação das reservas pataxós. A reserva visitada tem 2300 hectares. Fica na Coroa Vermelha, balneário de Santa Cruz de Cabrália, ao lado de Porto Seguro, o portal da descoberta do Brasil pelos portugueses.

Só depois da conquista da terra que começou todo o trabalho de recuperação das tradições culturais dos pataxós, para resgatar músicas, danças, comidas e até plantas que eles deixaram de cultivar ao longo de tantos anos, sem ter terra para viver.

Hoje, a maioria dos pataxós mora na vila da Coroa Vermelha. Para comemorar os 500 anos de Brasil, o Ministério da Cultura construiu o Centro Cultural Pataxó. No centro funcionam o posto médico, uma área para cursos e treinamento e uma escola, onde as crianças aprendem a língua indígena, músicas e danças. A preocupação maior é inspirar nas crianças o orgulho de ser pataxó.

A planta parecida com a mandioquinha, que os pataxós colhem, é a araruta. Dela se faz o polvilho usado pelos índios na produção de remédios, beiju e mingaus. A araruta faz parte de um programa da Embrapa de Recursos Genéticos para resgatar plantas que os Pataxós cultivavam antigamente e que se perderam com o tempo.

O Globo Rural registrou a primeira colheita de araruta em terras pataxós depois de décadas de seu desaparecimento da região. Para os mais velhos é uma oportunidade de matar as saudades da infância. Já para os mais jovens é uma completa novidade. A araruta colhida na roça vai sendo limpa e ralada.

As crianças que estudam na escola do centro cultural logo aparecem e se encantam com a história da araruta.

O resgate genético também envolve a área onde fica a Reserva da Jaqueira, que se estende por 800 hectares de floresta atlântica. No lugar trabalham 50 índios, que desenvolvem atividades ecológicas e culturais.

O passeio pela Reserva da Jaqueira revela alguns segredos da floresta atlântica, guardados na memória dos índios mais velhos. O guia da equipe de reportagem pela trilha é o pajé Remunganha, com sua fala plena de humor e sabedoria.

Na Reserva da Jaqueira os pataxós organizam suas festas, algumas abertas aos turistas. Hoje, a cerimônia é de casamento. Os índios jovens, em idade de casar, cortejam as moças jogando flores. Depois, participam da corrida de toras. O mais rápido tem o direito de escolher a noiva primeiro.

Hoje em dia, os noivos se escolhem livremente. Mas alguns se casam em cerimônias tradicionais. Foi o caso de Taciriema, de 15 anos, e Araçanã, de 16 anos. Eles celebraram a união cercados pela comunidade indígena e na língua maxacali, que substituiu o já extinto idioma pataxó.

Taciriema e Araçanã formam uma nova família Pataxó, confiantes de que esse trabalho de resgate cultural garanta ao seu povo um futuro melhor. Quem sabe um dia seus filhos possam olhar para o passado com o conhecimento e o orgulho que perderam nos últimos séculos.

Em cinco séculos, mais de mil grupos indígenas foram extintos no Brasil.

 

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