

Nos últimos anos, o termo metaverso deixou de ser apenas uma ficção futurista e passou a ocupar espaço nas estratégias de grandes empresas de tecnologia. Plataformas como Meta (antigo Facebook) investiram bilhões na construção de ambientes virtuais imersivos, onde a promessa era de que as interações sociais, o trabalho e até o consumo migrariam para esse universo digital. Dentro desse cenário, surgiu uma nova pergunta: os influenciadores digitais teriam, de fato, um papel relevante no metaverso ou isso não passa de um mito alimentado pelo hype?
A princípio, o raciocínio parecia óbvio. Se no Instagram, TikTok e YouTube os influenciadores já são responsáveis por movimentar bilhões em publicidade e vendas, no metaverso eles poderiam se tornar ainda mais poderosos. Avatares customizados, desfiles de moda virtuais, shows em realidade aumentada e até produtos digitais exclusivos — como roupas e acessórios para personagens — indicavam um campo fértil para o marketing de influência. Marcas como Nike, Gucci e Balenciaga apostaram cedo, criando itens colecionáveis e experiências digitais voltadas para esse novo público.
Entretanto, a realidade mostrou-se mais complexa. A adoção massiva do metaverso não aconteceu no ritmo previsto, e muitos usuários ainda enxergam as plataformas imersivas como espaços experimentais. Para os influenciadores, o desafio vai além da criação de conteúdo: é preciso entender a linguagem própria desse ambiente, que mistura interatividade, jogos e economia virtual. Não basta reproduzir estratégias do feed tradicional; é necessário criar experiências que façam sentido em 3D, em tempo real e de forma colaborativa.
Isso não significa que os influenciadores no metaverso sejam apenas um mito. Pelo contrário, já existem exemplos concretos de sucesso. Shows de artistas como Travis Scott e Ariana Grande dentro de plataformas como Fortnite mostraram o potencial de alcance e engajamento. Avatares criados por marcas ou até influenciadores virtuais, como a brasileira Lu do Magalu e a americana Lil Miquela, também abriram caminho para uma nova forma de presença digital. O diferencial é que, no metaverso, esses personagens não dependem do corpo físico: eles podem estar em vários lugares ao mesmo tempo, interagir com milhares de fãs e até vender produtos sem as limitações do mundo real.
Por outro lado, ainda há barreiras importantes. O acesso a equipamentos como óculos de realidade virtual é limitado, a qualidade das plataformas ainda enfrenta críticas e, principalmente, falta clareza sobre como monetizar de forma sustentável. As marcas estão atentas, mas cautelosas. Não se trata de abandonar o metaverso, mas de reconhecer que ele ainda está em uma fase de experimentação. Baixar video Instagram
Assim, falar em influenciadores no metaverso hoje é tanto realidade quanto mito. Realidade porque já existem casos concretos de campanhas e interações que funcionaram. Mito porque, para o público em geral, esse universo ainda não é parte da rotina como as redes sociais tradicionais. O futuro vai depender da evolução da tecnologia, da criatividade dos criadores e, sobretudo, da disposição dos usuários em migrar suas interações para um espaço que promete ser ilimitado, mas que ainda engatinha.