Maior primata das Américas é brasileiro e sofre com a devastação

Por: NossaCara.com
09/06/2010 - 09:33:18

Texto e video extraídos do Site do Globo Repórter de 04/06/2010

Macaco muriqui, também conhecido como mono-carvoeiro, pode chegar a um 1,5 metro e pesar 15 quilos. Espécie é extremamente sociável.

 

Por: CIRO PORTO Jacareacanga, PA

Foto: Luciano Candisani - Editora AbrilAssim como as aves, os macacos podem ser considerados operários da floresta. Vivem de galho em galho perambulando pela mata atrás de comida. Para encontrá-los, é preciso caminhar pela mata com os ouvidos bem atentos. Eles podem ser espertos, mas não são licenciosos. Ora percebemos o barulho que fazem ao se movimentar, ora o grito de cada espécie nos guia ao encontro. O Brasil é país com o maior número de espécies de primatas do mundo. Até agora já foram identificadas 111. E esse número para de crescer.

Um dos mais abundantes e conhecidos é o macaco-prego. Aos nossos olhos, o prego parece não ter nada de especial, mas aos olhos da ciência essa espécie chama a atenção.

“Ele é o único primata neotropical, habitante das Américas, que tem a capacidade e a habilidade de fazer uso de ferramentas para obter o seu alimento”, aponta o biólogo Marcos de Souza Fialho.

Mais à frente, outra espécie se movimenta sem parar. É o zogue-zogue ou sauá-sauá. São muito rápidos.

Ligeiro é também o cuxiú. São tão seguros ao se mover pelos galhos que a fêmea parece nem se preocupar com o filhote grudado nas costas. No quesito tamanho, o cuxiú ganha do macaco-prego e do zogue-zogue. Mas o curioso nessa espécie é a cauda grossa. Por causa dela, esse macaco foi extremamente caçado.

“No século XIX, o Brasil exportava rabos de cuxiú para a Europa, para a produção de espanadores para tirar pó de mobilha ou até como enfeite de parede”, conta Marcos de Souza Fialho.

Já os bugios não gostam de muita agitação. É comum flagrar essa espécie tranquila, descansando depois de comer, pelo menos em áreas onde não ocorre a caça. E o bando se mostrou curioso. Ficou a poucos metros da equipe de reportagem, observando atentamente. Os macacos estavam tão à vontade que pareciam fazer pose para câmera. É difícil acreditar que essa espécie tão dócil emite um som assustador para demarcar território.

E nossos ouvidos continuam nos guiando. De repente, ouvimos gritos e logo encontramos o barulhento macaco-aranha, um dos primatas mais conhecidos do Brasil. Na Amazônia, no sul do Pará, ele se divide em duas espécies: os de cara-preta e os de cara-branca. São grandes, mas nada desajeitados. A movimentação pelas árvores é sempre ágil e até com certa dose de risco. A fêmea faz uma pausa para comer os brotos da árvore. Assim podemos observar bem de perto o lanche da família.

Os macacos mais difíceis de serem encontrados na Floresta Amazônica são os micos. Eles são muito pequenos, extremamente rápidos e se camuflam muito bem junto ao tronco das árvores.

Precisamos caminhar no maior silêncio possível. De repente, um movimento nos galhos, e logo o mico aparece. Um casal confiante na camuflagem. A equipe de reportagem conseguiu se aproximar a cerca de 30 metros, o suficiente para o bicho ficar tranquilo. Na outra margem do Rio São Benedito, a equipe não teve tanta sorte. Só foi possível uma imagem de outra espécie de mico.

“Os levantamentos anteriores apontavam que aquela espécie deveria ocorrer nesta área. Contudo, ainda não havia sido comprovado em loco que nesta região nós tínhamos aquela espécie. O mais interessante foi ter encontrado uma espécie irmã, de mesmo gênero, no lado oposto do Rio São Benedito e essa espécie não ter nem ocorrência sugerida para este local”, ressalta Marcos de Souza Fialho.

Foto: Luciano Candisani - Editora AbrilO muriqui também é conhecido como mono-carvoeiro. Aliás, é o maior primata das Américas. Pode chegar a um 1,5 metro e pesar 15 quilos. Também se divide em duas espécies: muriqui-do-sul e muriqui-do-norte. São animais extremamente sociáveis - vivem em grupos de até 50 indivíduos com muitos machos.

Quando estão no cio, as fêmeas não rejeitam nenhum pretendente. Chegam a acasalar com vários no mesmo dia. Quanto ao comportamento, melhor seguir a descrição dos índios. Em tupi-guarani, a palavra muriqui significa pessoa vagarosa, tranquila. Tranquilidade que não se reflete no estado de conservação dessa espécie. O muriqui é um dos 25 primatas mais ameaçados de extinção do mundo. Ele só ocorre no Brasil e sofre com a devastação de seu habitat. Vive em poucos fragmentos de Mata Atlântica que ainda resistem do sul da Bahia até o norte do Paraná.

Assim como as aves, os macacos são dispersores de sementes. Têm um importante papel na manutenção das florestas. Garantir a existência deles significa semear novas árvores da Mata Atlântica, da Amazônia e outras regiões. Em outras palavras, semear a vida.

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