Com garras potentes, veneno paralisante e hábitos surpreendentes, a barata d’água desafia a fama de inseto indefeso e revela seu papel crucial no equilíbrio dos ecossistemas aquáticos
Por: Urbino Brito
Um dos insetos mais temidos do planeta acaba de ganhar um novo destaque na ciência. Pesquisadores da Universidade de Nagasaki, no Japão, revelaram detalhes impressionantes sobre um predador silencioso e implacável: a barata gigante aquática (Lethocerus indicus), popularmente conhecida como "barata d’água".
Embora lembre as baratas domésticas que habitam cozinhas e ralos, a semelhança para por aí. A barata d’água é um predador formidável, que pode medir até 12 centímetros – o tamanho de uma palma de mão – e é capaz de capturar e devorar presas muito maiores do que se imaginava, como sapos, cobras, tartarugas e até filhotes de patos.
Dotada de patas dianteiras extremamente fortes, essa barata usa suas garras para agarrar as presas com precisão cirúrgica. Já as patas traseiras são adaptadas como remos, permitindo que ela se movimente com agilidade na água. Seu modo de caça é por emboscada: ela se esconde entre folhas submersas e detritos no fundo de lagos, rios e pântanos, aguardando o momento ideal para atacar.
Ao detectar uma vítima, injeta uma toxina paralisante que facilita a captura e digestão. Essa toxina não é letal para humanos, mas pode causar dor intensa, inchaço e até reações alérgicas se a barata for manuseada indevidamente.
Essas baratas vivem em águas calmas de regiões tropicais e subtropicais, especialmente na América do Sul, Sudeste Asiático, América Central, América do Norte e Austrália. Apesar do tamanho e aparência intimidadora, não representam ameaça direta aos humanos.
Um dos comportamentos mais curiosos está na forma como criam seus filhotes: em algumas espécies, são os machos que carregam os ovos nas costas, protegendo-os contra predadores e evitando que sequem ou se afoguem.
Além do fascínio biológico, a barata gigante aquática também faz parte da culinária em países como Tailândia e Vietnã. Lá, é comum vê-la sendo vendida frita em feiras livres, considerada uma iguaria rica em proteína.
Apesar de sua má fama, esse inseto desempenha um papel essencial no equilíbrio dos ecossistemas aquáticos. Ao controlar populações de pequenos animais, a barata d’água contribui para a saúde ambiental de lagos e rios. A redução de sua população, segundo o pesquisador Shin-ya Ohba, pode ser um sinal de alerta sobre degradação ambiental ou presença de espécies invasoras.
Proteger esse predador inesperado é, na verdade, proteger o ecossistema como um todo.
Fonte: Redação Flipar
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