Por: Urbino Brito
Eunápolis (09/10) - O Rio Buranhém, um velho e outrora poderoso rio que passa pelos municípios de Santo Antônio do Jacinto, em Minas Gerais, onde nasce, e as cidades de Guaratinga, Eunápolis e comunidades rurais de Porto Seguro, hoje luta pela própria sobrevivência. O que antes era um manancial imponente, capaz de afogar até os mais experientes nadadores, hoje agoniza. Há 40 anos, suas águas profundas e caudalosas impuseram respeito, como no trágico episódio que vitimou cinco jovens e um líder dos desbravador da Igreja Adventista.
As marcas desse outrora vigoroso rio ainda podem ser vistas na travessia para os córrego do Itu e Platina, onde os restos do antigo ancoradouro da balsa permanecem como uma lembrança distante. Antigamente, a travessia só era possível com a balsa ou a cavalo, nadando contra a forte correnteza. Hoje, o cenário é desolador: o nível da água mal chega no meio da canela.
Hoje pela manhã, o repórter e ciclista Urbino Brito percorreu as margens do rio, subindo até as corredeiras na antiga fazenda de Nilza Colares. O que ele documentou foi um retrato caótico e doloroso da degradação desse importante manancial que é uma fonte de vida para tantas comunidades.
Muito se discute sobre o impacto do desmatamento, especialmente durante o auge da extração de madeira na região. Naquela época, poucas pessoas tinham consciência ambiental. O Banco do Brasil, por exemplo, só liberava financiamento para fazendeiros que desmatassem suas terras. As serrarias, por sua vez, recebiam do IBDF (hoje Ibama) a autorização para cortar árvores mediante o pagamento de taxas que deveriam ser destinadas ao reflorestamento. Porém, nenhuma semente foi plantada, e o destino desse dinheiro é um mistério.
Hoje, o Rio Buranhém, que por décadas sustenta vidas, está à beira do colapso, aguardando apenas o golpe final. Um manancial que foi símbolo de força, agora pede socorro, sem que nenhuma resposta efetiva seja dada para salvá-lo.