Por: Clicia Marinho
Os primeiros sistemas postais se utilizavam mensageiros com o único meio de transporte que tínhamos, o cavalo; e levava as noticias políticas e de batalhas . O mensageiro sempre foi muito importante nessa época, levavam fatos históricos a muitas pessoas. No Brasil a sua primeira correspondência foi enviada por Pero Vaz de Caminha, onde fazia um extenso relato sobre as maravilhas locais, a carta é considerada a certidão do pais.
Em 1663 foi criado o correio-mor no Brasil, nome dado à função naquele tempo com o primeiro titular, Luiz Gomes da Mata Neto, mas, os carteiros já iam e vinham. Em homenagem ao profissional, nossa equipe, foi em busca do carteiro mais antigo em atividade de Eunápolis e tivemos o prazer de conhecer Gerson Pereira de Santana, 57 anos e 28 de profissão. Casado e pai de 3 filhos, Gerson trabalha hoje no entreposto da Estação Rodoviária no período da tarde e pela manhã entrega correspondências nos bairros Minas Gerais, Urbis III e Santa Isabel. Santana ingressou na profissão por meio de concurso, fez provas de Língua Portuguesa, Matemática e Redação e ao longo dos anos tem muitas histórias para contar e entre elas, é claro, a de que já foi perseguido por cachorro.
Gerson sempre trabalhou em Eunápolis, conta que houve melhoras significativas na profissão, incentivos, adicionais, plano de saúde e transporte. ”Alcançamos muitas coisas que facilitam o nosso trabalho”. O dia-a-dia do carteiro não é nada fácil, não somente pela bolsa pesada, mas também porque estão expostos a série de perigos, são presas fáceis de bandidos especializados em correspondências registradas. Santana nunca foi assaltado, mas confessa que é preciso estar em alerta quanto aos perigos.
Em tempos de internet a carta não caiu em desuso, embora tenha diminuído. Ainda assim, Gerson chega a entregar 600 cartas por dia e em períodos de festividades, como o Natal, chega de 1000 a 1200. Ele conta que o fluxo de correspondência que aumentou foram às faturas bancárias. No Natal os carteiros têm uma grande missão: levar cartinhas para o Papai Noel. A magia natalina invade a profissão e essa corrente não é quebrada quando são questionados pelos pequenos remetentes se a entrega foi feita com êxito.
O carteiro tem uma relação direta com o cliente e Gerson dá a dica para quem está começando: “Muita responsabilidade, atenção e dedicação é o segredo”. O carteiro é mensageiro de notícias boas e ruins. Gerson conta que já teve a experiência de levar noticia ruim, mas entende que é um dos percalços da profissão. Vale ressaltar que a profissão não se limita somente ao sexo masculino. A partir da promulgação da Constituição de 1988, mulheres passaram também a ocupar o cargo, antes só para homens. Elas representam cerca de 10% da categoria.