A baunilha é uma orquídea trepadeira nativa do sudeste do México, da Guatemala e outras regiões da América Central, cujos plantios estão mais difundidos na Ilha de Madagascar, Indonésia, China e Comoros. Existem algumas espécies nativas do Brasil, mas que não possuem mercado, pois seu aroma é muito diferente.
Wadoca explica que “a baunilha é uma orquídea terrestre. Para se desenvolver, necessita de um tutor, que pode ser uma estaca ou uma árvore, como o cacaueiro. Isso torna muito barato o custo da implantação dessa cultura”, observa.
A substância química que dá o aroma da baunilha é um aldeído chamado vanilina, isolado em 1816. É muito utilizado na indústria de alimentos, incorporado em mistura com chocolates, doces, sorvetes e bebidas. Também é utilizado para a produção de essências para a fabricação de perfumes, sabonetes, talcos, cremes, entre outros.
Em face da pequena produção e do alto preço, a utilização de aromatizantes sintéticos que simulam o aroma de baunilha é mais empregado. O alto preço da vanilina proveniente de extrato natural rende US$ 4.000,00/kg, tem estimulado pesquisas conduzidas para a sua produção por microorganismos e a produção biotecnológica por cultura de células da planta.
ALTERNATIVA
A plantação de baunilha já existe de modo organizado nos municípios de em Nilo Peçanha e Itaperoá, na Costa do Dendê.
“No sul do Estado, já está sendo feita alguma coisa, como aqui na minha propriedade (de oito hectares). Mas o governo baiano tem de investir no negócio para ajudar as pessoas a ter outra fonte de renda, o que pode acontecer de forma extraordinária, já que tem boa aceitação no mercado”, frisa “seu” Wadoca.
O quilo da baunilha para exportação hoje está entre US$ 250 e US$ 300, segundo informou Wadoca. “Em Nilo Peçanha, se comercializa nesse preço. Já pensou como as pessoas daqui podem ganhar, daqui a uns cinco a seis anos, quando a produção estiver no auge mesmo? É uma cultura boa que pode ajudar muita gente do Vale do Jequitinhonha que só vive do pescado”.
O produtor já apresentou um projeto de desenvolvimento do cultivo da baunilha à Secretaria de Agricultura do Estado e à Prefeitura de Belmonte. “Eles se mostraram interessados em ajudar. É uma oportunidade que não se pode perder”, adianta.
VARIEDADES
A variedade mais plantada comercialmente da baunilha é a Vanilla planifolia, a que “seu” Wadoca possui na propriedade.
Duas outras espécies, Vanilla. pompona e Vanilla tahitiensis, são pouco cultivadas e fornecem um produto de qualidade inferior. “Essas quase não se plantam mais. A Vanilla é que é a melhor mesmo”, disse.
A Vanilla planifolia é a principal fonte natural de baunilha, sendo também a Vanilla trigonocarpa uma das melhores produtoras de baunilha. Como a essência de baunilha é extraída das favas de algumas espécies, é preciso ter atenção se a pessoa se interessar pela atividade e não tiver informações. Wadoca alerta que “é preciso ter cuidado para não errar na variedade”.
O plantio da baunilha, da família das orquídeas, é feito por meio de estacas, cujo comprimento tem influência direta no tempo necessário à iniciação do florescimento e frutificação. As estacas devem ter, no mínimo, 40 cm de comprimento.
Em alguns locais do sul e extremo sul baiano, o plantio é feito no período chuvoso, utilizando o espaçamento 3 m x 1 m em covas adubadas com matéria orgânica, com as dimensões de 30 cm em todas as direções.
A adubação de manutenção da baunilheira é feita, anualmente, com a aplicação de matéria orgânica em cobertura. Como as raízes da baunilheira são superficiais, não se recomenda fazer capinas após o plantio.
A prática da poda, destaca o engenheiro agrônomo aposentado Waldomiro Fernandes Melo, é bastante utilizada. “Corta-se a extremidade da planta a cerca de 10 centímetros de comprimento entre janeiro e março, para estimular a produção de inflorescências nas axilas das folhas dos ramos pendentes. Após a colheita, o ideal é podar também as hastes velhas e fracas”.
A planta necessita de sombreamento em torno de 50% a 70% de luminosidade, salienta.
POLINIZAÇÃO
A colheita das favas da baunilha ocorre de abril a julho, quando as cápsulas estão maduras com coloração mais claras, sem brilho, conforme dados apresentados no site da Ceplac. Isto ocorre cerca de oito a nove meses após a polinização.
Segundo especialistas em fitotecnia do órgão, a planta inicia o florescimento no terceiro ano após o plantio, dependendo do tamanho da estaca usada, e a máxima produção de flores é alcançada com sete anos após o plantio. A produtividade média dos plantios do sul da Bahia varia de 700 a 800 kg de frutos beneficiados por hectare, quando a planta atinge 6 anos de idade.
Segundo José Basílio Vieira Leite, engenheiro agrônomo do Centro de Pesquisas da Ceplac, o principal mercado comprador da produção de baunilha da Bahia é São Paulo, sendo comercializado ao preço de US$ 150 o quilo.
A baunilha é considerada uma especiaria por interferir de forma benéfica no sabor final da comida, além de permitir a conservação dos alimentos. É empregada mundialmente como aromatizante de sorvetes, chocolates, bebidas e produtos de confeitaria e perfumaria. Seu valor medicinal ainda está sendo testado, segundo especialistas.