Na última quinta-feira (04/09), recebemos a visita da ginasta baiana Marcela Menezes, que faz parte da equipe de Ginástica Rítmica (GR) do Brasil, comandada pela técnica Mônica Queiroz e sua assistente Juliana Coradine. A atleta nos contou como foi participar, pela primeira vez, dos Jogos Olímpicos, em Pequim, elogiou a Cidade do Saber e sua iniciativa em esportes, falou um pouco sobre seus planos futuros, dentre outros assuntos.
Confira como foi nosso bate-papo com essa atleta tão especial.
ASCOM/CS – Nos fale um pouco sobre sua trajetória de vida e quais as mais importantes competições que participou.
Marcela – Meu nome é Marcela Menezes, tenho 22 anos, nasci em Salvador e há três anos e meio moro em Vitória do Espírito Santo, por causa da GR.
Comecei a fazer GR com 9 anos de idade e, durante todo esse tempo, tenho me dedicado a esse esporte que é minha paixão. Estou concluindo a faculdade de Educação Física e vou começar a estagiar agora, lá em Vitória, dando aulas de Ginástica Rítmica.
Individualmente, já participei de muitos campeonatos estaduais, não ganhei os títulos, mas sempre estive entre as primeiras colocadas e ganhei medalhas.
Para integrar o grupo, do qual faço parte, fui escolhida em uma seletiva que sempre acontece em Vitória e, então, tive que me mudar para lá.
A minha principal competição foi a Olimpíada de Pequim, agora; que é, também, a mais recente. E já participei de muitos torneios internacionais esse ano. Na verdade, desde o ano de 2000, eu tenho participado de diversos torneios. Com a equipe brasileira, participei do Pan-Americano do Rio de Janeiro, em 2007, onde conseguimos três medalhas de ouro, e do Mundial Pré-olímpico, também no ano passado, que classificou o Brasil para as olimpíadas.
ASCOM/CS - Pequim foi a sua primeira olimpíada? O que tem a compartilhar conosco sobre a experiência de fazer parte dos Jogos Olímpicos?
Marcela - Sim, essa foi a primeira olimpíada da qual participei. Estar em Pequim foi algo mágico, uma experiência maravilhosa, pois participar de uma olimpíada é o sonho de qualquer atleta. Foi fantástico estar no meio de muitos atletas bons, os melhores do mundo. A gente treinou muito para chegar até lá, estávamos bem preparadas e, então, foi bom, foi gostoso mesmo de conferir. Estar lá entre os melhores conjuntos do mundo, sabendo que muitos países bons estavam de fora, foi uma sensação muito boa. Essa participação deixou um gostinho de “quero mais” e a daqui pra frente é treinar bastante, pois quero estar nas olimpíadas de Londres, em 2012, representando o Brasil mais uma vez.
ASCOM/CS - Qual a sua opinião sobre a situação atual e o futuro da Ginástica Rítmica no Brasil?
Marcela - Comparando com os países lá fora, que a gente vê e compete, o Brasil está muito atrasado em Ginástica Rítmica, porque é um esporte mais recente aqui. Também tem isso, que deve ser levado em consideração, mas a gente também não vê o incentivo e apoio que se vê lá fora, não há uma iniciação adequada, não existem escolinhas próprias de Ginástica, prontas para preparar as meninas para mais tarde. Os patrocínios também são muito difíceis para conseguir, porque primeiro precisa ter resultado para poder conseguir o patrocínio e, mesmo com bons resultados, é difícil, pois, primeiro temos que conquistar um título e mesmo a gente estando na seleção brasileira foi difícil de conseguir. Conseguimos patrocínio no ano passado, mas acreditamos que foi mesmo por causa do Pan, pela repercussão que esse evento teria, iríamos aparecer mais e, então, as empresas procuram investir nisso, mas é muito difícil conseguir patrocínio no Brasil. Quanto ao futuro, eu espero ver o Brasil investindo mais nesse esporte, espero ver as empresas motivadas a nos apoiar também, porque isso é muito importante para todo atleta.
ASCOM/CS - Você acha que um projeto como a Cidade do Saber pode influenciar ou contribuir para o fortalecimento da GR e do esporte como um todo, até mesmo no futuro esportivo do Brasil? Por quê?
Marcela - Com certeza! Um projeto como a Cidade do Saber deveria ser exemplo para muitos outros estados e muitas outras cidades fazerem, porque é o que falta, é o que precisa. A estrutura, a forma como a GR é tratada aqui, que é excelente, não se vê por aí e eu acho que é uma ótima oportunidade para estar formando meninas em atletas ou até mesmo não-atletas, mas para estar ensinando a Ginástica Rítmica como uma forma de lazer e de atividade física. É muito bom. Acho que a iniciativa da Cidade do Saber tem que ser mais divulgada no Brasil todo, dar e mostrar esse exemplo, pois, se existissem mais projetos como esse no Brasil todo, com certeza, aos poucos, o país iria crescer mais no esporte.
ASCOM/CS - Que palavras você pode deixar para as crianças e jovens que gostariam de ter a Ginástica Rítmica ou outra modalidade esportiva como objetivo de vida, como uma profissão?
Marcela - A Ginástica Rítmica é um esporte encantador, um esporte muito bonito, é plástico. A essência dele é isso, é beleza, é estética; então eu acho que a ginasta que gosta, a menina que quer, que se encanta, tem que ter força de vontade, perseverança, treinar e sempre acreditar que vai conseguir, independente da situação em que se encontre, mesmo se não fizer parte de um projeto como esse, que é a Cidade do Saber. Foi difícil pra eu conseguir, pois não tive incentivo desde o início, mas eu consegui, então que eu seja um exemplo dessa perseverança que tem que ter, pois eu quis muito, tive muita vontade. Não desistam, independente das circunstâncias!
ASCOM/CS - E para aqueles que têm interesse pelo esporte, com intuito de melhorar a qualidade de vida, mas não pensam, necessariamente, em competir, quais os benefícios que você considera que a prática pode trazer?
Marcela - Eu digo o mesmo, a ginástica é excelente para qualquer coisa. Ela ensina a menina, desde novinha, a ser responsável com os horários, a ser disciplinada, respeitar os professores e colegas. Como atividade física, a ginástica mexe com o corpo como um todo. A GR é música e movimento, é preciso senti-la e com ela, também, se aprende a escutar a música, se aprende a conhecer o próprio o corpo e, também, se trabalha a capacidade cardio-respiratória, flexibilidade, força, enfim, trabalha tudo. Por mais que a criança não vá querer seguir na Ginástica Rítmica como profissão, ela vai se habituar ter uma prática física e vai ter prazer com isso, pois é excelente.
Texto e foto do Site Cidade do Saber.com.br
www.cidadedosaber.com.br